Confesso que eu tenho um sério preconceito com comédias brasileiras. A maioria delas é, na minha humilde opinião, boba, com um humor pastelão e cenas de sexo desnecessárias. Porém, Até Que a Sorte Nos Separe me surpreendeu. Não vou dizer que foi um filme de comédia espetacular, com um humor superinteligente, mas comparado com filmes como Cilada.com, esse foi bem melhor.
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Olha, nem curto comer dinheiro, mas se fossem notas de chocolate... |
O filme começa mostrando um jovem casal num apartamento modesto, o personagem principal, Tino, cobrindo a cota de nudez de todo filme brasileiro, aparece tomando banho, depois corre de toalha para a sala, a pedido da namorada. Por que todo esse desespero? Eles acabaram de ganhar R$100 milhões na MegaSena (êêê)!
O mais interessante para mim desse começo é a promessa que eles fazem:
Amor, vamos combinar uma coisa? Aconteça o que acontecer, a gente sempre vai confiar um no outro. Não vamos deixar esse dinheiro estragar nossa vida, não, tá? Promete? A gente nunca vai deixar de ser quem a gente é.
E a amada responde, prontamente:
Te prometo, Tino.
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Acima: amada cumprindo a promessa. |
Como vocês podem descobrir pela sinopse (e pela imagem), é claro que eles não cumprem nada. O casal adooora ostentar o dinheiro que ganharam, moram numa mansão moderna, gastam absurdos com roupas, festas, presentes e muito mais. Realmente, R$100 milhões não é pouca porcaria, mas o dinheiro não é infinito e um dia ele simplesmente, bem, acaba.
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'Passa, passa, passa, passa' *cartão recusado* ... |
Só para melhorar, a esposa de Tino, Jane, está grávida do terceiro filho, e por não ser mais tão novinha, está enfrentando uma gravidez de risco e não pode passar por choques ou traumas emocionais. Tino está sozinho nessa. Quer dizer, não tão sozinho, o vizinho que o odeia (Sr. Amauri) vira o responsável por tirá-lo do buraco em que ele se enfiou.
A história é um tantinho previsível. O que falta em uma família, o bom senso, planejamento e, bem, dinheiro, sobra na outra, mas a outra não sabe viver fora do racionalismo extremo e frio de Sr. Amauri, que acaba aprendendo a ser mais humano com sua esposa e filhos ao conviver com Tino.
Apesar de não ser a melhor comédia de todos os tempos, gostei de ver um filme brasileiro abordar o impacto do dinheiro, tanto muito quanto pouco, na família. Vivemos num mundo onde o dinheiro é o objetivo final, e fazemos qualquer coisa para consegui-lo, sem pensar nas consequências.
Também foi ótimo ver o comportamento de Tino e sua família. A personagem do Zorra Total, Lady Kate, já era uma clara sátira da nova classe média, dos novos ricos em geral, demonstrando que as pessoas buscam o dinheiro, conseguem, mas não sabem o que fazer com ele direito, não são aceitas no meio dos velhos ricos, pois suas atitudes são diferentes. Porém, o que o filme enfatiza é que não importa como você age, se você é velho ou novo rico, pobre, classe média, que seja, o dinheiro não é o que mais importa. Família, amigos, isso sim importa.
E eu divaguei. Voltando ao filme: o enredo é bom, a fotografia é ótima para um filme de comédia - o filme é bem colorido e as cores são sempre fortes, tem uma referência a um filme clássico dos anos 80, Flashdance, que se encaixou perfeitamente no contexto e me fez rir muito, e, bem, o Leandro Hassum é um comediante fenomenal!
Ah, não podemos esquecer o principal, a moral da história: dinheiro não compra felicidade. Mais especificamente, não compra amigos de verdade, uma mulher que ama e compreende, filhos que aceitam e ajudam os pais na dificuldade, etc.
Resumindo: vale a pena assistir!
Por: Gaby
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